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Agatha Desde Sempre prometeu nada e entregou tudo | Crítica

  • André Keusseyan
  • 15 de nov. de 2024
  • 4 min de leitura

Atualizado: 25 de jan.

Série derivada de Wandavision supera desconfiança e se coloca como uma das melhores produções da Marvel




Agatha Desde Sempre prometeu nada e entregou tudo
(Marvel Television/Divulgação)

Em 2021, Wandavision se tornou um dos maiores sucessos da Marvel. Homenageando a história das sitcons americanas, a série focada no casal de Vingadores, Wanda Maximoff (Elizabeth Olsen) e Visão(Paul Bettany), caiu nas graças do público, ávido por mais projetos do MCU após os eventos de Vingadores: Ultimato (2019) e do fim da Saga do Infinito. O sucesso foi tamanho que a produção rendeu as primeiras indicações da Marvel ao Emmy. Não demorou muito para que o CEO da Disney na época, Bob Chapek, encomendasse projetos derivados, focados nos demais personagens da trama. A escolhida acabou sendo a bruxa Agatha Harkness. Nada mais justo, uma vez que a vilã interpretada por Kathryn Hahn roubou a cena na série original, conquistando o público com seu carisma e ar dissimulado (a canção “Foi a Agatha e mais ninguém” também contribuiu muito para o sucesso da personagem).


O problema é que muita coisa aconteceu desde a oficialização do derivado e o cenário propício para a série da Agatha deixou de existir. O streaming deixou de ser a única forma de entretenimento desde o fim da pandemia, Hollywood passou por uma longa greve de atores e roteiristas, Bob Iger retornou ao cargo de CEO da Disney, e própria a Marvel enfrentou problemas internos que resultaram em mudanças no direcionamento da Saga do Multiverso. Tudo isso, somado ao fato de Agatha Harkness não estar no topo da lista de prioridades dos fãs para ganhar uma trama própria, contribuiu para que a produção fosse encarada com descredito.


Mas como diz o ditado, não se julga um livro pela capa e Agatha Desde Sempre supera a desconfiança fazendo o que a Marvel faz de melhor: contar uma boa história. Situada anos após os eventos de Wandavision, a trama acompanha Agatha Harkness (Hahn) ainda presa, na pequena cidade de Westview, por causa do feitiço lançado por Wanda. A situação da bruxa muda quando surge um misterioso Jovem (Joe Locke) que lhe tira do transe e a convence a trilhar o Caminho das Bruxas, um reino mágico e misterioso que promete realizar os desejos de quem passar por suas provações. Mas para isso, ela precisará de um novo coven (nome dado a um grupo de bruxas).


Desde o primeiro minuto, fica claro o porquê de Agatha ter sido escolhida para ganhar uma série própria. Se em Wandavision a personagem já se destacava, em Agatha Desde Sempre, Hahn recebeu o holofote que precisava para brilhar e construir uma das personagens mais interessantes de todo o MCU.


A força do elenco é um dos pontos mais altos da produção.
(Marvel Television/Divulgação)

É impossível definir Agatha em apenas uma palavra. Ela é uma heroína? Anti-heroína? Vilã? Não importa. Você não conseguirá ficar impassível diante da bruxa. Ao longo dos nove episódios da série, por mais duvidosas que sejam suas ações, você se verá torcendo, odiando amar ou amando odiar a protagonista.


A força do elenco é um dos pontos mais altos da produção. Como as provações do Caminho das Bruxas exigem um coven, Agatha e o Jovem vão atrás de companheiras para auxilia-los na jornada. O grupo, formado por rostos novos da Marvel, conta com Sasheer Zamata, Ali Ahn e as lendárias Patti LuPone e Debra Jo Rupp, rapidamente substituída por Aubrey Plaza no meio da temporada.


O destaque fica para LuPone e Plaza. No papel da vidente Lilia Calderu, LuPone brilha com uma divertia e doce performance, protagonizando o sétimo e talvez melhor episódio da temporada. No caso da personagem de Plaza, quanto menos dizer melhor, já que qualquer informação pode ser considerada como spoiler. Basta dizer que, interpretando a misteriosa Rio Vidal, Plaza constrói, ao lado de Hahn, uma apaixonante relação de amor e ódio, repleta de reviravoltas.


No entanto, quem rouba a cena mesmo é Joe Locke. Em seu segundo papel destaque, após o sucesso Heartstopper, Locke mostra ter muita química com Hahn desde a primeira cena que contracenam juntos, estabelecendo, a medida que a trama vai avançando, uma divertida dinâmica de mestre e aprendiz, com direito as clássicas e deliciosas picuinhas que esperamos da bruxa veterana em seu pupilo iniciante.


Em seu segundo papel destaque, após o sucesso Heartstopper, Joe Locke rouba a cena
(Marvel Television/Divulgação)

Ao invés de deixar a trama arrastada, mantendo o mistério em torno da identidade do personagem de Locke por muitos episódios, a série não perde muito tempo e trata de revelar que o Jovem é na verdade Billy Maximoff, filho de Wanda. Ao longo da produção, o jovem mago vai assumindo certo protagonismo, indicando que a Marvel tem grandes planos para o personagem.


Diferente de outras séries da Marvel no Disney+, Agatha Desde Sempre não contou com um grande orçamento. Mas isso está longe de ser problema para a produção que utiliza muitos efeitos práticos na concepção visual de todo o Caminho das Bruxas e guarda os grandes efeitos de CGI para seu explosivo final. A decisão abraça uma estética que remete a outras produções de fantasia como Os Feiticeiros de Waverly Place (2007 - 2012), dando para a série um brilho próprio em comparação a outros títulos do MCU.


Em 2021, Wandavision veio com a função de iniciar a Era da Marvel no Streaming. É curioso pensar que agora, três anos depois, após uma necessária pausa para repensar todo o projeto, coube a seu derivado realizar uma função semelhante e felizmente, atingindo o mesmo grau de excelência. Agatha Desde Sempre se coloca como uma das melhores produções da Marvel, nos lembrando que, mais do que entregar grandes espetáculos de ação e efeitos visuais, o MCU sempre se destacou por contar boas histórias com bons personagens. Só nos resta torcer para que a lição tenha sido aprendida e que a Marvel continue seguindo o Caminho das Bruxas para a glória no final.

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