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Barbie é um filme nostálgico e inovador que merece o status de fenômeno cultural | Crítica

  • André Keusseyan
  • 13 de ago. de 2023
  • 3 min de leitura

Atualizado: 25 de jan.

Greta Gerwig e Margot Robbie entregam uma história deliciosa e encantadora, sem medo de tocar em assuntos espinhosos.




Margot Robbie em cena do filme Barbie

Quando foi anunciado, o filme da Barbie veio repleto de questionamentos. Afinal, o quão inusitado seria um filme live-action da “boneca mais famosa do mundo”? Qual história ele contaria? Por ser uma das marcas mais poderosas do planeta, com uma grande corporação como a Mattel por trás, a chance de a produção ter inúmeras restrições e ser apenas mais um produto feito para ganhar dinheiro fácil era alta. Mas então as notícias começaram a sair, o elenco foi escolhido e um teaser que conta rapidamente a história da boneca, homenageando o clássico de Stanley Kubrick, 2001: Uma odisseia no espaço (1968), foi divulgado. A partir dai ficou claro que este filme tinha algo de especial e o fenômeno cor-de-rosa tomou conta das redes sociais, inspirando roupas, comidas, decorações e qualquer outro material de marketing que você puder imaginar.


A trama apresenta Barbie vivendo uma vida tranquila e despreocupada na Barbielândia, local onde moram todas as Barbies (e os Kens). Tudo vai bem até que a boneca começa a “dar defeito”. Seus calcanhares agora tocam o chão e ela começa a ter pensamentos profundos sobre mortalidade. Para fazer tudo voltar a ser como antes, ela deve ir até o mundo real e descobrir a causa desses problemas.


Histórias onde um personagem deixa seu mundo de fantasia para se aventurar no mundo real é uma fórmula que o cinema está cansado de usar e quase nunca funciona de forma satisfatória. Felizmente, não é o caso do filme de Greta Gerwig (Adoráveis Mulheres). A diretora não se prende aos clichês utilizados a exaustão em Hollywood e usa o universo da Barbie para contar uma história original e emocionante, sem medo de tocar em assuntos espinhosos. Ao retirar Barbie do ambiente ingênuo e perfeito que é a Barbielândia, a diretora a coloca em uma jornada de amadurecimento onde a boneca questiona seus próprios valores ao se deparar com os problemas do sexismo no mundo real.


O roteiro de Gerwig e seu parceiro Noah Baumbach, é inteligente ao utilizar a comédia para falar sobre a forma como os papéis de homens e mulheres são vistos na sociedade ao longo dos tempos. Com muito coração, o filme conta uma história divertida que equilibra perfeitamente o humor acido e inocente com momentos de genuína emoção, principalmente quando o filme entra em seu terceiro ato. Dificilmente você não se verá rindo, para logo em seguida se pegar com uma lágrima escorrendo pelo rosto.


Margot Robbie e Ryan Gosling estão incríveis como Barbie e Ken

Tudo isso é possível graças à ajuda de um elenco escolhido a dedo. Margot Robbie e Ryan Gosling parecem ter nascido para dar vida a Barbie e Ken. Robbie confere doçura e sensibilidade a sua “Barbie estereotipada” (a versão da Barbie que representa a imagem que vem na mente das pessoas ao pensarem na boneca). Já Gosling rouba a cena ao dar profundidade para Ken, mostrando que o personagem vai muito além de “apenas o companheiro da Barbie”. O ator é responsável por alguns dos momentos mais engraçados e mais dramáticos do filme. Não é exagero dizer que o desenvolvimento de seu personagem é um dos melhores dos últimos tempos.


Outro grande acerto do filme está na construção da Barbielândia. O mundo cor de rosa criado pela direção de arte é maravilhoso. Cada elemento do cenário parece ter saído diretamente de uma caixa de brinquedos: as casas sem paredes, os carros que abrem e se transformam em outras coisas, os utensílios desproporcionais, e as roupas, cujas peças mais clássicas, foram recriadas nos mínimos detalhes. Esse é o momento fan service do filme, onde você pode voltar a ser criança e ficar caçando referências, ou relembrando suas próprias brincadeiras.


Por fim, Barbie é tão nostálgico quanto inovador. Um filme que honra a história e o legado da personagem, mas não a poupa de críticas. Com muito bom humor, Greta Gerwig e Margot Robbie entregam uma história deliciosa e encantadora que diverte, mas que, acima de tudo, faz pensar. A coragem para falar sobre assuntos tão importantes na nossa sociedade fazem de Barbie uma produção marcante e merecedora do status de fenômeno cultural que se tornou.


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