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Creed III: Rocky faz falta? | Crítica

  • André Keusseyan
  • 27 de mar. de 2023
  • 5 min de leitura

Atualizado: 25 de jan.

Em seu terceiro round, Creed estabelece seu legado, mas a sombra de Balboa ainda paira sobre o ringue.




Adonis Creed se prepara para lutar

Iniciada em 1976 com o filme Rocky: Um Lutador, a história de Rocky Balboa (Sylvester Stallone) um pugilista ítalo-americano fracassado, que trabalha como cobrador de dívidas de um agiota, mas que recebe uma chance de enfrentar o campeão mundial de pesos pesados vem conquistando o público há gerações. Com um orçamento de pouco mais de US$1 milhão, e ganho de US$225 milhões em bilheteria global, o filme lançou o nome de Stallone ao estrelato, e o sucesso de público rendeu à franquia mais quatro filmes até 1990.

Apostando menos no drama e mais ns veia pop do personagem, a qualidade dos filmes foi caindo gradativamente (o que não quer dizer que Rocky IV não seja um clássico digno da reverencia dos fãs). Mas após um quinto capitulo muito criticado, inclusive por seus fãs, a franquia entrou em hiato até ser resgatada em 2006 com Rocky Balboa, filme que volta às origens do personagem, mostrando um Rocky mais velho e calejado pela vida. O filme encerra de forma digna a carreira de Rocky nos ringues, um alívio para os fãs que estavam ávidos por uma conclusão mais respeitosa para a saga de seu herói.


Nove anos depois a franquia encontrou novo gás com Creed: Nascido para Lutar (2015). O filme que conta a história de Adonis Creed (Michael B. Jordan), filho do antigo campeão, rival e amigo de Rocky, Apollo Creed (Carl Weathers), que quer entrar para o mundo do boxe e para isso busca pela ajuda do “Garanhão Italiano” em pessoa, foi um sucesso de público e crítica. Stallone e Michael formaram a dupla ideal, ambos brilham na pele de seus personagens, com atuações emocionantes. O filme ainda rendeu a Stallone uma indicação ao Oscar de Melhor Ator Coadjuvante no ano de 2016. Sua segunda indicação desde o Oscar de Melhor Ator em 1977, exatamente por Rocky.


O sucesso garantiu uma continuação em 2018. Creed II aprofunda o laço entre os personagens, amarra todas as pontas da história de Rocky, permitindo que o ex-lutador finalmente possa descansar, e mostra toda a força do personagem de Jordan, permitindo que Adonis possa finalmente voar solo.


Eis que temos Creed III (2023). O terceiro filme da saga de Adonis chega com algumas duvidas a sanar. Afinal, ainda há histórias para serem contadas depois de nove filmes (somando toda a antologia Rocky)? Creed tem força para segurar o filme sem a presença de Balboa?


Estreando na direção, Michael B. Jordan responde que sim! Na trama, encontramos Adonis curtindo a aposentadoria ao lado da esposa Bianca (Tessa Thompson) e da filha Amara (Mila Davis-Kent). Promovendo as lutas ao invés de trava-las, as batalhas de Adonis agora são um pouco mais mundanas, como ensinar a filha, fascinada pelo mundo do boxe, que nem tudo pode ser resolvido com um soco. A dinâmica familiar é com certeza o coração do filme, Michael e Tessa estão em perfeita sincronia, entregando momentos divertidos e tocantes, mas é a pequena Mila que rouba a cena com sua doçura e inocência, cativando o público desde o primeiro minuto em tela. A relação dos três é perfeitamente natural, passando a sensação de que são de fato uma família. Ver Adonis fingindo perder uma luta para Amara e a pequena desfilando com o cinturão pelo ringue é um dos momentos mais preciosos do filme.


Mas tudo muda com a chegada de Damian Anderson (Jonathan Majors), um amigo de infância de Adonis que esteve preso por muitos anos e retorna agora com apenas um desejo: se tornar o Campeão Mundial dos Pesos Pesados. Sentido que deve algo ao velho amigo, Adonis se compromete a ajudar, mas não demora muito para perceber que Damian não medirá esforços para conseguir o quer. Majors novamente entrega uma atuação de primeira, comprovando todo seu talento e versatilidade, dando a Damian uma profundidade até então nunca vista nos antagonistas da saga.


Desde o momento em que são reveladas as motivações de Damian, já se sabe que o filme caminha para o momento em que Adonis larga a aposentadoria para subir no ringue e enfrentar não só o amigo, mas também seu passado. Mas apesar do roteiro previsível, Jordan não deixa seu filme cair na mesmice. Além de focar nas relações entre os personagens, o novo diretor tem nas sequencias de luta seu grande trunfo para tornar o filme uma experiência emocionante e inesquecível para toda uma nova geração.


Michael B. Jordan e Jonathan Majors se encaram em cena de Creed III

Não é segredo pra ninguém o quanto Michael B. Jordan é fã de animes, e o ator usa as animações japonesas como inspiração para dirigir suas lutas, dando um ar de novidade a franquia. As referencias estão por todo lugar, desde o calção vermelho usado por Adonis que remete a roupa do personagem Shotaro Kaneda em Akira (1988), até golpes que parecem ter saído direto do anime Dragon Ball Z. Quem não se lembra dos famosos socos de Goku, que de tão poderosos, afundavam o estomago dos oponentes até quase sair pelas costas, como se eles fossem feitos de borracha? Não, o filme não tem nada tão exagerado, mas Jordan homenageia o estilo de Akira Toriyama ao focar na curvatura das costas dos personagens no momento do golpe. As longas encaradas entre os oponentes, a câmera que se move de baixo para cima, valorizando os corpos musculosos dos dois guerreiros, são outros elementos da franquia que inspiram a composição do filme.


Creed III é um filme excelente, e compre seu propósito. Mantem a franquia viva e estabelece o legado de Adonis Creed como um personagem forte e icônico para toda uma nova geração. No entanto, por mais que o filme funcione sem Sylvester Stallone, a falta de Rocky é sentida em alguns momentos. É difícil não imaginar que Creed buscaria os concelhos de Balboa sobre toda a situação com Damian, assim como é estranha à ausência do antigo mentor em momentos chave da história, principalmente quando Adonis sobe no ringue. Falta a presença de Balboa no corner de Adonis, falta sua vivencia, sua sabedoria, àquela química entre os dois que era tão incrível nos filmes anteriores.


A disputa pelos direitos de Rocky entre Stallone e Irwin Winkler, produtor de longa data da franquia, seria o maior motivo para a ausência do astro no filme. Stallone, ingenuamente, vendeu os direitos da franquia Rocky a Winkler, quando ainda era um ator iniciante. A disputa piorou após o anuncio de um spin-off focado no vilão Ivan Drago (Dolph Lundgren), pois Stallone alega que não foi consultado sobre a utilização do personagem que ele criou para Rocky IV (1985).


Como um fã, espero que essa disputa possa ser resolvida para que possamos ver Adonis e Rocky reunidos novamente. E que venha Creed IV!

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