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Homem-Formiga e a Vespa: Quantumania busca a grandiosidade, mas falha ao apostar na segurança | Crítica

  • André Keusseyan
  • 26 de mar. de 2023
  • 6 min de leitura

Atualizado: 25 de jan.

Filme da Marvel acerta com novo vilão, mas frustra pela falta de consequências.




Homem Formiga, Cassie Lang e a Vespa se preparam para a batalha

Desde que foi apresentado para o público em 2015, as aventuras do Homem-Formiga (Paul Rudd) nunca foram vistas com entusiasmo pelos fãs da Marvel. Seja porque seus dois primeiros filmes foram lançados logo após um filme dos Vingadores ou por apresentarem tramas mais intimistas e ameaças menos apocalípticas. Ao ser escolhido para dar inicio a Fase 5 do Universo Marvel, Homem-Formiga e a Vespa: Quantumania tinha como objetivo mudar esse cenário apostando em uma história muito mais grandiosa e complexa, mas o medo de que o público estranhasse a mudança de tom na trilogia mantem o filme numa zona de conforto que acaba prejudicando os próprios personagens.


Na trama, vemos Scott Lang colhendo os frutos de ter salvado o mundo em Vingadores Ultimato (2019). Scott agora é uma celebridade reconhecida por todos, escreve livros sobre suas aventuras e parece ter encontrado equilíbrio em sua vida ao lado de sua parceira Hope Van Dyne (Evangeline Lilly) e da filha Cassie (Kathryn Newton), agora adolescente. A aventura tem início, quando toda a família, incluindo os veteranos Hank Pym (Michael Douglas) e Janet Van Dyne (Michelle Pfeiffer) são sugados para dentro do Reino Quântico.


Ao optar por explorar este novo universo, o diretor Peyton Reed e o roteirista Jeff Loveness buscaram atingir o grau de grandiosidade que faltava a franquia. Com um cenário deslumbrante e criaturas carismáticas o Reino Quântico entra para o panteão dos mundos fantásticos da Marvel junto da Asgard de Thor, do Espaço de Guardiões da galáxia e da Wakanda de Pantera Negra. No entanto, o cenário feito inteiramente por CGI, pode parecer cansativo para aqueles que preferem ver algo com um pé na realidade.


Com inspirações que vão de Star Wars a Perdidos no Espaço, o filme dá a seus personagens uma simples missão: explorar as maravilhas e perigos que este local tem a oferecer a fim de encontrar uma maneira de voltar para casa.


É aqui, no entanto que Quantumania começa a apresentar seus problemas e dar evidencia de que pode ter havido alterações na história desde que o primeiro trailer foi divulgado em 24 de outubro de 2022. Como visto nos trailers, os membros da família são divididos em dois grupos ao chegar ao Reino Quântico. A decisão de isolar Scott e Cassie dos demais parecia acertada, dando tempo para que a relação entre pai e filha fosse explorada ao máximo, afinal Scott perdeu cinco anos da vida de Cassie devido aos eventos de Vingadores Guerra infinita (2018). Uma situação complexa que poderia aprofundar os dois personagens com uma história abordando a culpa que o Homem-Formiga carrega por não ter podido ver sua filha crescer, resultando numa jornada onde os dois teriam que superar tanto seus traumas quanto suas diferenças.


O filme, porém, apenas arranha essa superfície com um dialogo que indica que Cassie possui certo ressentimento em relação à ausência de seu pai, mas um pedido de desculpa depois o assunto já está resolvido, e não se fala mais nisso. Apostando apenas no amor paternal para se conectar com o público, o resultado, apesar de atingido de forma satisfatória, graças ao carisma de Scott Lang, não deixa de ser frustrante diante do que havia sido prometido, uma vez que ambos os personagens acabam completamente esvaziadas numa trama clichê que não evolui em nada o que já sabíamos sobre eles. Tanto Scott quanto Cassie terminam o filme exatamente como começaram.


Se essa mudança de direcionamento da trama acaba afetando o desenvolvimento do personagem de Paul Rudd, o resultado é pior para a estreante Kathryn Newton. Sua Cassie Lang é reduzida apenas a uma adolescente descolada, com motivações rasas, capaz de conquistar a confiança de todos ao seu redor apenas por ser legal. Diferente de outras personagens já apresentadas pela Marvel, como Kate Bishop (Hailee Steinfeld) em Gavião Arqueiro e Kamala Khan (Iman Vellani) em Ms. Marvel, tudo na concepção de Cassie pode ser respondido com “porque sim”. Ela é inteligente porque sim, ela é legal porque sim, ela se importa com outros porque sim, ela tem um super traje porque sim, e se torna uma heroína porque sim.


No outro grupo o resultado não é diferente. Separada de seu parceiro, a Vespa se torna somente uma ferramenta para resolver todos os problemas que se apresentam ao longo da jornada. Já Hank Pym parece estar lá só por estar. Nenhum dos dois tem um grande desenvolvimento, apenas reagindo ao que acontece ao seu redor. A exceção aqui está na personagem de Michelle Pfeiffer. Se aprofundando no passado da personagem e nos anos que passou presa no Reino Quântico até ser resgatada no final do segundo filme, a história coloca Janet como uma espécie de guia através deste ambiente desconhecido, apresentado aos personagens e ao publico toda a cultura, tecnologia e criaturas deste lugar, bem como seu morador mais ilustre: Kang, o Conquistador.


Homem-Formiga encara Kang, o Conquistador

É aqui que Quantumania atinge seu ponto mais alto. Prometido como “o novo Thanos”, o vilão surge como uma figura imponente e ameaçadora, digna do “nível Vingadores”. De volta ao MCU após fazer sua estreia em Loki (2021), Jonathan Majors brilha com uma atuação que combina charme com ameaça para dar à Kang uma identidade própria, que foge completamente das comparações com o “Titã Louco” interpretado por Josh Brolin. Se for para comparar com algum outro vilão da cultura pop, Kang se assemelha muito mais a Darth Vader e assim como o antagonista de Star Wars, Kang se apresenta como alguém calmo e indiferente, mas que pode ser muito perigoso quando libera sua fúria. Se utilizando de muitos flashbacks, o filme explica as origens do vilão e seus objetivos, detalhando de maneira bem expositiva todo o perigo que ele representará para o futuro do Multiverso.


Porém, nem uma ameaça capaz de extinguir linhas temporais inteiras consegue tirar Homem-Formiga e a Vespa: Quantumania da zona de conforto. Como dito acima, enquanto os trailers apontavam para uma história mais séria e com consequências drásticas para a franquia, o filme acabou optando por jogar no seguro numa trama mais “família” cujos obstáculos que se apresentam aos heróis são resolvidos quase instantaneamente e a seriedade é substituída pelas velhas piadas de sempre que horas são boas, horas são ruins, mas que muitas vezes tiram o peso do que está sendo visto na tela.


A maior vitima desta mudança no roteiro é um velho rosto (desculpa pelo trocadilho) do MCU. Após ser dado como morto no filme de 2015, quando interpretou o vilão “Jaqueta Amarela”, Corey Stoll volta a viver o personagem, mas dessa vez com um novo codinome: MODOK.


Quem acompanha os quadrinhos já devia imaginar que tornar uma figura tão bizarra quanto MODOK (uma enorme cabeça com braços e pernas), crível no cinema não seria uma tarefa fácil. E o resultado é DESASTROSO! Com um CGI que destoa do resto do filme, a cabeça aumentada de Corey Stoll causa risos sempre que o personagem entra em cena. É impossível olhar para MODOK e não compará-lo com o Sr. Elétrico, vilão do filme As Aventuras de Sharkboy e Lavagirl (2005), um filme do inicio da moda do 3D nos cinemas, que de tão ruim consegue conquistar o público. Mas diferente de um filme que não se leva a sério desde o princípio, Quantumania vende MODOK como o grande caçador do império de Kang.


O problema é que essa ameaça não é vista em nenhum momento, pelo contrário, conscientes do ridículo, fica a impressão que nem os próprios atores levam a sério o personagem. Apesar disso, MODOK entrega, pelo menos, uma grande cena de ação (um duelo contra Cassie Lang), mostrando que sim, existe potencial, mas a falta de confiança no personagem o prende em um texto que apenas o reduz a um lacaio bobão do vilão principal, e da para sua melhor cena um desfecho vergonhoso, onde ambos, Cassie e MODOK, protagonizam um dos piores diálogos da história do MCU.


No final, Homem-Formiga e a Vespa: Quantumania não consegue dar a guinada que a franquia pretendia. Mesmo com um cenário grandioso e a apresentação do vilão que dá nome a futura quinta aventura dos Vingadores, a sensação que se tem ao deixar a sala de cinema é de que o filme é mais do mesmo. A falta de consequências para a história enfraquece cada um dos personagens, principalmente os estreantes. Até mesmo Kang sai um pouco chamuscado.


As mudanças feitas no roteiro (cada vez mais perceptíveis à medida que o final se aproximava) para tornar o filme mais próximo do tom dos anteriores apenas frustram os fãs que esperavam algo mais impactante vindo do filme que, após uma Fase 4 complicada e repleta de críticas (um pouco exageradas em minha opinião), daria início a nova fase da Saga do Multiverso.


Após duas cenas pós-créditos muito importantes, que conseguem levantar novamente o hype do fã, só nos resta esperar e confiar que dias melhores virão.

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