Loki se consolida como a melhor série da Marvel no Disney+ | Crítica
- André Keusseyan
- 14 de nov. de 2023
- 4 min de leitura
Atualizado: 25 de jan.
Segunda temporada da série deixa de lado conexões com outros projetos para encerrar o arco do Deus da Mentira de forma primorosa

Quando a primeira temporada de Loki estreou em 2021, o momento era bem diferente. O mundo ainda não havia entrado na tal “fadiga de super-heróis” e o tema multiverso era algo pouco explorado nas telas. De lá pra cá os estúdios perderam a mão na administração do gênero, aumentando a quantidade das produções, que são lançadas quase sem nenhum respiro entre si e a temática do multiverso passou a ser usada por quase todos os universos de super-heróis. Tudo isso contribuiu para o desinteresse por parte do público pelo gênero. Felizmente o segundo ano da série do Deus da Mentira supera tais problemas com uma história que, apesar de ser o pilar da Saga do Multiverso da Marvel, está mais focada no desenvolvimento de seus personagens.
A segunda temporada de Loki começa exatamente de onde o primeiro ano parou. Com a morte de Aquele Que Permanece (Jonathan Majors), uma das variantes do vilão Kang, o Conquistador, pelas mãos de Sylvie (Sophia Di Martino), sua variante feminina, Loki (Tom Hiddleston) se vê preso entre o passado e o futuro, tendo que correr contra o tempo para salvar a AVT (Agência de Variância Temporal) da completa destruição, após o crescimento de infinitas ramificações na Linha do Tempo Sagrada.
Com roteiro de Eric Martin e direção da dupla Justin Benson e Aaron Moorhead, a segunda temporada de Loki acerta ao deixar de lado a ânsia dos fãs por conexões com outras produções da Marvel, e focar em seu protagonista. Há quase 12 anos no papel, Tom Hiddleston entrega sua melhor performance como o Deus da Mentira, variando entre momentos de drama, ação e comédia. Ao longo de seis episódios, acompanhamos Loki numa jornada de autodescobrimento que conclui com maestria a busca do personagem por seu verdadeiro propósito glorioso, culminando num dos maiores momentos de toda a história do MCU.
Se Loki está em busca de seu verdadeiro propósito, o mesmo pode ser dito de sua variante feminina. Di Martino da mais um show de atuação ao trazer uma Sylvie que, após alcançar seu objetivo e matar Aquele Que Permanece no final da primeira temporada, finalmente consegue viver uma vida de paz, mas as consequências de suas ações fazem com que a personagem questione sua própria noção de certo e errado. A química entre Di Martino e Hiddleston continua incrível, com diálogos emocionantes e reflexivos, trazendo a tona tudo o que, de fato, faz de Loki “um Loki”.

O segundo ano de Loki se passa quase que exclusivamente nos corredores da AVT, dando muito mais tempo de tela para os demais membros do “Time Loki” se destacarem. A caçadora B-15 (Wunmi Mosaku), o simpático Casey (EugeneCordero), e é claro, nosso querido Mobius (Owen Wilson), retornam com importantes decisões para tomar. Agora que sabem que são todos Variantes, o grupo está dividido entre a vida que conhecem na AVT e a que lhes foi tirada na Linha do Tempo Sagrada.
Aqui Owen Wilson apresenta novas facetas para Mobius e mostra mais uma vez que sua parceria com Hiddleston segue sendo o coração da série. Mas o destaque fica por conta do estreante Ke Huy Quan (Tudo em Todo o Lugar Ao Mesmo Tempo), que rouba a cena como o divertido Ouroboros e se torna mais um acerto da Marvel para o seu já imenso catálogo de atores e personagens.
Vale destacar também a jornada de Ravonna Renslayer (Gugu Mbatha-Raw), que retorna tentando entender seu papel neste jogo de poder orquestrado por Aquele Que Permanece. Para isso ela tem como guia o relógio de desenho animado favorito de todos, a Srta. Minutos, que mostra o quão maligna e manipuladora pode ser. Também é preciso falar mais uma vez de Jonathan Majors. O astro mostra toda sua versatilidade para dar vida a mais uma versão de Aquele Que Permanece. Após viver o próprio criador da AVT na primeira temporada e sua variante mais perigosa, Kang, o Conquistador, em Homem-Formiga e a Vespa: Quantumania, Majors assume agora o papel de Victor Timely, um brilhante cientista, responsável pela descoberta do Multiverso.
Por falar em Multiverso, apesar de não ter as conexões com o futuro da Saga como seu objetivo principal, Loki não esquece que é a base fundamental para uma história muito maior. Seu último episódio joga várias citações e referências para os fãs ficarem teorizando sobre os próximos projetos da Marvel, além de definir qual será o papel da AVT na grande Guerra Multiversal que está por vir.
Em sua segunda temporada, Loki se consolida como a melhor série da Marvel no Disney+ e encerra o arco de seu protagonista de forma grandiosa. A série prova que ainda há força no gênero de histórias de quadrinhos, basta os estúdios (e os fãs) entenderem que a formula do sucesso não está nas batalhas grandiosas de computação gráfica ou nas participações especiais de “explodir a mente”, mas sim no desenvolvimento das histórias e personagem que habitam esses infinitos universos.