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Missão Impossível: Acerto de Contas parte Um prepara o final épico para a saga de Ethan Hunt | Crítica

  • André Keusseyan
  • 24 de jul. de 2023
  • 5 min de leitura

Atualizado: 25 de jan.

Sétimo filme da franquia entrega sequências de ação de tirar o fôlego, enquanto faz planos para o futuro, diante da possível despedida de Tom Cruise




Ethan Hant e sua equipe lutam contra Inteligencia Artificial em novo filme

Missão impossível é uma das franquias mais longevas e celebradas do cinema. A saga de Ethan Hunt conquistou público e crítica devido o carisma do astro Tom Cruise, e suas sequências de ação memoráveis, realizadas pelo próprio ator, que vão desde escalar o prédio mais alto do mundo (o Burj Khalifa em Dubai, Emirados Árabes Unidos) até se jogar de um penhasco em cima de uma moto. Agora, a franquia chega a seu sétimo capítulo com Missão Impossível: Acerto de Contas parte Um, filme que tem como função manter o alto padrão alcançado nas produções anteriores, mas também concluir de forma épica a história de Ethan (pelo menos por enquanto).


O filme começa em um submarino russo de alta tecnologia, capaz de se tornar invisível para os radares de qualquer inimigo devido a uma Inteligência Artificial em seu sistema. De repente, o submarino se vê sob ataque, mas ao confrontar a ameaça, os tripulantes percebem que o alvo nunca existiu, sua presença havia sido forjada pela própria IA que se tornou autoconsciente. A partir dai a trama coloca Ethan Hunt e sua equipe em uma espécie de caça ao tesouro para encontrar duas chaves que, quando combinadas, são capazes de controlar ou destruir a IA conhecida como A Entidade.


A ameaça nunca foi tão real. Claro que quando começou a ser escrito, não havia como prever o cenário atual da sociedade, mas os adiamentos que sofreu devido à pandemia de COVID-19, acabaram beneficiando o filme, que tem como principal antagonista uma Inteligência Artificial, e é lançado justamente quando as discussões sobre o uso e os perigos da Inteligência Artificial estão em grande evidencia. Muitas pessoas estão preocupadas com o desenvolvimento desse tipo de tecnologia. Na última sexta-feira, dia 14, por exemplo, os atores de Hollywood se uniram aos roteiristas e entraram em greve contra os grandes estúdios de cinema. Uma de suas reinvindicações é a regulamentação da Inteligência Artificial, para evitar que profissionais das áreas sejam substituídos pelas máquinas.


O medo e a desconfiança sobre o que é real e o que não é domina Acerto de Contas. A Entidade é capaz de redesenhar toda a sociedade moderna, e ainda é furtiva ao ponto de ser invisível para todo tipo de tecnologia eletrônica, o que a torna objeto de desejo para todos os governos do mundo, e põe um alvo na testa de qualquer um que queira destruir a IA por acreditar ser muito poder para apenas um controlar. É ai que entra a figura de Ethan, que passa a ser caçado, inclusive por seu próprio governo.


Ao retirar de Hunt e seu grupo o amparo de todas as agência ou governos, o filme coloca o espectador em um cenário sufocante, onde não se pode confiar em ninguém. Durante suas 2h40 de duração, a produção oferece tensão constante, com os protagonistas tendo que se superar não apenas para concluir a missão, mas também para realizá-la.


Tom Cruise em cena de Missão Impossível: Acerto de Contas parte Um

Um dos trechos que simboliza bem a pegada do filme é a sequência do aeroporto, em que Hunt e seus aliados precisam interceptar a venda de uma das partes da chave que controla A Entidade. No entanto, algo que seria simples de se resolver, acaba se complicando quando surge Grace (Hayley Atwell), uma ladra que furta a chave do vendedor, sem saber no que está se metendo, sendo então forçada a cooperar com Hunt, que deve resolver tudo de forma furtiva, não apenas para não alertar o vendedor, como também para se esconder da força tarefa americana designada para prendê-lo. Como se tudo isso não bastasse, a situação se torna ainda mais complexa com a chegada de Gabriel (Esai Morales) um homem cruel e implacável a serviço da própria Entidade e que compartilha um passado com o protagonista. Tudo isso culmina ainda numa cena em que Benji (Simon Pegg) precisa resolver uma série de charadas para desarmar uma bomba nuclear escondida entre as bagagens.


A partir daí, o filme busca criar situações cada vez mais complexas, cuja intensidade e tensão vão aumentando progressivamente. A ação não para e o público até perde o fôlego a cada novo obstáculo que surge no caminho dos heróis, especialmente pelo escopo megalomaníaco das sequências. Tom Cruise e o diretor Christopher McQuarrie, que apoia e realiza muitas loucuras do astro, formaram a parceria ideal para criar espetáculos de ação, cada vez maiores, com o mínimo de computação gráfica possível. Após ver Tom Cruise correndo, saltando de moto do pico de uma montanha, ou lutando em cima de um trem em movimento, é impossível não parar para tomar um ar ao sair da sala de cinema.


Se todos querem possuir A Entidade, nada mais justo que uma das partes interessadas seja a própria Inteligência Artificial. Ela então usa Gabriel, como uma espécie de fantoche, para conseguir a chave que a controla para si. Esse conceito é muito interessante, mas também é o ponto mais fraco do filme, uma vez que não nos é revelado às motivações de Gabriel para obedecer A Entidade, nem o contexto de sua rixa com Hunt. Provavelmente todas essas informações foram deixadas para serem respondidas na segunda parte do filme, mas ao optar por essa decisão, o vilão, nesta primeira parte, ficou reduzido apenas ao papel do “cara mau” que quer ferir o herói simplesmente porque sim.


Ethan e Grace se tornam mestre e pupilo em novo Missão Impossível

Acerto de Contas deixa claro a todo o momento que se trata de uma conclusão para a franquia, mas ao mesmo tempo o filme vai plantando elementos que podem ser aproveitados em uma nova continuação, mesmo que seja sem Ethan Hunt. A introdução de Grace, personagem de Hayley Atwell, passa essa sensação. A ladra é carismática e habilidosa, e sua lábia e humor, combinados com o todo o talento da atriz, tornam ela uma excelente adição ao time de Ethan, que acaba criando com a moça uma relação meio que de mestre e pupilo. Dessa forma o filme se torna quase que uma história de origem de uma nova agente da FMI (Força Missão Impossível).


Emplacar um sucessor para Hunt logo na parte Um da conclusão não teria problema se a decisão não roubasse o espaço de rostos conhecidos e amados da franquia, como Benji, Luther (Ving Rhames) e Ilsa Faust (Rebecca Ferguson). Por se tratar de uma despedida para esses personagens, era esperado que cada um tivesse uma participação maior na trama ao invés de apenas contribuírem para o desenvolvimento da relação entre Ethan e Grace.


Mas no final, não há nada que não possa ser ajeitado na parte Dois. Nenhum dos problemas do filme apaga seus pontos altos, que mantêm a alta qualidade da saga e figura a produção entre os melhores lançamentos do ano. Tom Cruise parece estar empenhado em trazer de volta a experiência cinematográfica, frente ao crescimento do streaming pós-pandemia. E assim como foi com Top Gun: Maverick em 2022, tudo indica que Missão Impossível 7 irá, mais uma vez, “salvar a bunda de Hollywood”, como dito por Steven Spielberg.


Missão Impossível: Acerto de Contas parte Um é um filme eletrizante do começo ao fim. Deixa o público ansioso pela Parte Dois e prepara todo o cenário para a despedida épica de uma das melhores sagas do cinema. Mas, será este mesmo o fim? É difícil imaginar um futuro sem Ethan Hunt, e em entrevista recente, Tom Cruise, hoje com 61 anos de idade, enalteceu o trabalho de Harrison Ford, que aos 80 anos retornou a seu emblemático papel como o arqueólogo Indiana Jones. Cruise revelou que gostaria de seguir os passos de Ford e continuar em Missão Impossível até chegar aos 80. Não dá para saber o que será do futuro, mas baseado no que o filme nos mostrou, não custa sonhar com mais 20 anos de Tom Cruise correndo, lutando e se superando.

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