The Bad Batch mostra que fazer o simples é tudo que Star Wars precisa | Crítica
- André Keusseyan
- 14 de mai. de 2023
- 4 min de leitura
Atualizado: 25 de jan.
A segunda temporada da série animada repete o sucesso da primeira e explora novas narrativas

Desde que foi lançada em 2008, a série animada Star Wars: The Clone Wars tem se tornado cada vez mais o grande pilar da franquia, seja em animação ou live action. Um dos títulos que segue essa linha é a excelente The Bad Batch, animação que funciona como uma espécie de epílogo para The Clone Wars e chega a sua segunda temporada expandindo os temas abordados com excelência na primeira.
O grande trunfo de “The Bad Batch” sempre foi pegar personagens menores da franquia, que não estão diretamente ligados ao arco principal da Saga Skywalker, e torna-los tão queridos quanto aqueles já eternizados no coração dos fãs. “Os Mal Feitos” se encaixam perfeitamente nessa categoria. A relação entre os membros da Força Clone 99, formada por Hunter, Wrecker, Tech, Echo (todos interpretados por Dee Bradley Baker) foi muito bem trabalhada pelos criadores Jennifer Corbett e Dave Filoni durante a primeira temporada e a adição da pequena Omega (Michelle Ang) trouxe mais humanidade para o grupo, transformando esse esquadrão altamente especializado em uma verdadeira família. A segunda temporada pega tudo o que funcionou na primeira e aprofunda suas linhas narrativas. Omega deixa de ser apenas a criança que precisa ser protegida para se tornar um membro valiosíssimo da Força 99, aprendendo a pilotar e recebendo tarefas importantes durante as missões do grupo. No entanto, o fato de que a garota sempre esteve envolvida em conflitos, nunca tendo a chance de interagir com outras crianças e viver uma infância normal, somado aos perigos que a ascensão do Império representa para todos, faz o grupo refletir se não é hora de aposentar as armas e viver uma vida calma, mesmo que em seus corações o desejo de lutar por uma galáxia melhor ainda bata fortemente.

Se a primeira temporada abordou de forma brilhante o ponto de vista dos clones diante das grandes transformações que a galáxia estava sofrendo após a o fim da “Guerra dos Clones”, a segunda aprofunda o tema colocando tanto a Força Clone 99, quanto os demais Clones para questionar seu propósito numa galáxia que não precisa mais deles. Criados exclusivamente para a guerra, os Clones se encontram agora sem rumo nesses tempos de “paz”, sendo vistos apenas como um estorvo, relíquias de uma era que ficou para trás.
É dentro deste cenário que o grande mote da temporada se desenvolve. Aproveitando que os Clones não são mais necessários, o Império passa a substituí-los por novos soldados recrutados e doutrinados dentro dos ideais imperiais, os Stormtroopers. Tal situação atinge até mesmo clones que se mantinham fieis ao novo governo, como é o caso do sniper Crosshair, um antigo membro dos “Mal Feitos”. Apoiado em seu mantra “Bons soldados seguem ordens”, Crosshair assumiu uma posição antagônica à sua própria família, fazendo com que seu arco seja um dos mais interessantes da franquia, mesmo que protagonize apenas três dos 16 episódios da temporada. Apesar de esperada desde o final da temporada anterior, sua jornada de redenção é feita de forma cativante. Aproveitando sua personalidade calma e de pouca conversa, a série coloca Crosshair quase como um figurante em sua própria história, observando atentamente o descaso do Império para com os Clones.
A qualidade da produção é impecável. Com sequencias de ação muito bem animadas e cenários de cair o queixo, a sério consegue combinar perfeitamente episódios épicos e sérios, com episódios que podem ser considerados mais bobos e sem muita ligação com a narrativa principal. Cada episódio começa e termina em si mesmo, seguindo a linha da “Aventura da Semana”, já adotada pelas demais séries de Star Wars. O grande destaque fica por conta dos episódios 7 e 8, que trazem uma trama de suspense político que coloca Senadores defensores da causa clone contra representantes do Império capazes de tudo para aprovarem a lei que permitirá a criação dos Stormtroopers. Os episódios colocam “os Mal feitos” para interagir com velhos conhecidos da época de “The Clone Wars“ como o Capitão Rex, os senadores Bail Organa e Riyo Chuchi, e conta inclusive com a participação do Imperador Palpatine (Ian McDiarmid). A presença do grande vilão da saga Star Wars, confere aos episódios um peso gigante, que com certeza os colocam entre os melhores momentos da franquia.
Um dos grandes desafios de Star Wars ultimamente tem sido manter o nível entre uma produção e outra. Não parece ser o caso das animações, que evoluem técnica e narrativamente a cada nova série. Jennifer Corbett e Dave Filoni sabem exatamente para onde querem ir e o que os fãs querem ver. The Bad Batch: 2ª temporada, responde perguntas sobre o destino de personagens queridos ao mesmo tempo em que prepara o cenário para a grande conclusão da história em sua, já confirmada, 3ª e ultima temporada. Resta aguardar pelas surpresas que o destino dos “Mal Feitos” nos reserva.