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X-Men ’97 é um triunfo do Marvel Studios | Crítica

  • André Keusseyan
  • 24 de mai. de 2024
  • 4 min de leitura

Atualizado: 25 de jan.

Continuação da série dos anos 1990, a animação reafirma a força desses personagens mesmo depois de 30 anos.




X-Men '97 é um triunfo do Marvel Studios
(Marvel Studios/Reprodução)

Entre 1992 e 1996, a série animada dos X-Men se tornou uma das adaptações mais cultuadas da equipe de heróis da Marvel e abriu caminho para as adaptações em live-action, lançadas nos cinemas durante os anos 2000. Após um começo estrondoso, os filmes live-action dos mutantes foram perdendo sua força original. Por outro lado, quase 30 anos depois, a popularidade da animação continua grande. Diante de uma nova versão cinematográfica dos X-Men, agora comandados por Kevin Feige, no MCU, fazia sentido tentar repetir o mesmo efeito causado anteriormente e utilizar o amor pela série animada para reviver o interesse do público no grupo de mutantes.


É nesse contexto que surgiu X-Men ’97, produção do Disney+ que dá sequência a clássica animação da década de 90. Se utilizar da nostalgia para reascender o apetite do público pelos mutantes pode parecer uma ideia óbvia, mas felizmente a série triunfa ao equilibrar originalidade com as glórias do passado. A trama não só resgata a essência daqueles X-Men que o público assistia quando criança, como evita jogar no seguro e repetir o que foi feito anteriormente.


Como esperado, X-Men ’97 começa exatamente de onde o original parou com a equipe que dá nome a produção tendo que lidar com a ausência de seu líder, o Professor Xavier, após este ser vítima de um atentado na ONU. A trama então segue as consequências deste episódio que vão desde a equipe sendo liderada pelo Magneto, devido a um testamento deixado por Xavier, até o aumento das hostilidades entre humanos e mutantes.


Durante 10 episódios, o criador da série, Beau DeMayo, e o time de roteiristas composto por Charley Feldman, JB Ballard e Anthony Sellitti, fizeram um trabalho impecável no resgate dos diversos elementos marcantes da história dos X-Men, como os embates contra vilões clássicos como as Sentinelas ou o temível Sr. Sinistro, mas principalmente ao tocar fundo em questões sociais como preconceito, ódio e genocídio (temas que muita gente esquece, mas que a série original já tocava) e é claro nos dramas internos que humanizam os personagens.


Magneto assume a liderança dos X-Men, devido a um restamento deixado por Xavier
(Marvel Studios/Reprodução)

O motivo pelo qual os X-Men são tão amados é o fato de que o público consegue se identificar com cada um deles. Eles são uma família, e como toda boa família, tem seus problemas internos.  O principal trunfo de DeMayo foi trabalhar essa dinâmica familiar sem se esquecer de manter esses dramas pessoais diretamente conectados à narrativa. Reviravoltas como a do impecável e surpreendente episódio cinco, só são possíveis porque conhecemos e nos importamos com esses personagens.


X-Men ’97 é um grande novelão de super-heróis. E isso é ótimo! A escolha de Magneto para liderar a equipe faz com que Scott Summers, o Ciclope, se questione quanto líder ao mesmo tempo em que tem que lidar com sua relação com Jean Grey, a chegada de um clone de Jean, o nascimento de seu filho Nathan e toda a jornada de um pai de primeira viajem. O núcleo da família Summers traz alguns dos momentos mais emotivos da série.  Já o triângulo amoroso Scott, Jean e Wolverine é deixado um pouco de lado para o desenvolvimento da relação entre Vampira, Gambit e Magneto (os três protagonizam um dos melhores episódios da série). Enquanto isso, Tempestade passa por uma jornada de autodescoberta, após um evento traumático. Além, é claro, da presença espirituosa dos coadjuvantes como Wolverine, Jubileu, Fera, Mancha Solar, Morfo e Noturno, que, cada um a sua maneira, contribui para a narrativa.


Outro ponto marcante nas histórias dos mutantes sempre foram as metáforas nada sutis com problemas sociais do mundo real. DeMayo ressalta a força do discurso político dos X-Men, sem se importar com o que uma parcela barulhenta da Internet possa falar e aborda supremacia branca nos discursos de Bastion, identidade de gênero com Morfo e até faz um paralelo com a descoberta da sexualidade em cena do episódio sete, “Olhos Brilhantes”, na qual Roberto da Costa, o Mancha Solar, revela ser um mutante para sua mãe. Também não podiam faltar os conflitos ideológicos entre Xavier e Magneto, com o segundo, vilão que num primeiro momento se torna herói, ganhando muito mais destaque e nos fazendo questionar quem está certo nesse interessante do debate sobre tolerância que a série propõe.


É claro que a série não está isenta de alguns tropeços. A narrativa cria certa barriga no episódio de Jubileu com Motendo (apesar da divertida homenagem aos games dos X-Men), e na desinteressante história de Xavier com o Império Shi’ar, além de correr para concluir algumas tramas que demandavam mais tempo, como no arco “Morte em Vida”, protagonizado por Tempestade e Forge. Felizmente, nada disso tira o brilho do roteiro de DeMayo, que compensa nas tramas da família Summers ou na jornada da Vampira.


A equipe de diretores realizaram um excelente trabalho na representação visual dos diferentes poderes dos heróis e vilões
(Marvel Studios/Reprodução)

Se o roteiro de X-Men ‘97 é digno de elogios, a parte visual não deixa a desejar. Correndo o risco de soar datada, visto que produções como a série Arcane da Netflix ou a franquia Aranhaverso da Sony Pictures revolucionaram as técnicas de animação nos últimos anos, a série do Disney+ buscou manter o visual clássico de heróis e vilões, bem como as técnicas de animação da produção original. Uma decisão que se mostrou acertada e que contou com um trabalho primoroso do Studio Mir e da Tiger Animation para equilibrar o clássico com o moderno, aplicando uma simples camada de alta definição que dá aos episódios uma identidade própria. A equipe de diretores, liderados por Jake Castorena, realizaram um excelente trabalho na representação visual dos diferentes poderes dos heróis e vilões, bem como na recriação fidedigna de momentos icônicos das HQs da Marvel.


X-Men ’97 é um triunfo do Marvel Studios. Uma produção feita com muita paixão que reafirma a força desses personagens mesmo depois de 30 anos. A série não só aponta o norte para a vindoura adaptação live-action do MCU, mas também caminha com as próprias pernas em direção a um universo único, independente e acima de tudo especial. Com uma segunda temporada já confirmada, só nos resta aguardar, ávidos por mais.


A mim, meus X-Men!

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