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- O Senhor dos Anéis: Os Anéis de Poder entrega segunda temporada épica, apesar de algumas derrapadas | Crítica
Série do Prime Video teve grande melhora no ritmo da narrativa, mas ainda falha na hora de conciliar todas as tramas (Amazon/Divulgação) O Senhor dos Anéis é sem dúvida uma das mais importantes obras da história. Criado por J.R.R. Tolkien , o universo da Terra-média encantou gerações de fãs e teve duas trilogias de filmes adaptadas para o cinema, a primeira acabou se tornando um estrondoso sucesso, já a segunda dividiu opiniões. Desde que adquiriu os direitos para adaptar parte dessas histórias, a Amazon não poupou esforços (e dinheiro) para fazer de sua série, O Senhor dos Anéis: Os Anéis de Poder , uma obra tão marcante quanto os longas produzidos pela Warner Bros . No entanto, a primeira temporada sofreu com um ritmo inconstante, pouco equilíbrio entre tantos núcleos e com algumas “liberdades poéticas” que causaram incomodo. Felizmente, é errando que se aprende e em sua segunda temporada, a produção do Prime Video começou a corrigir seu curso. Com mais confiança na história que quer contar, a série trouxe uma narrativa muito mais coesa e emocionante. Se a primeira temporada se preocupou em estabelecer o mundo e seus personagens de forma bem lenta e didática, a segunda não perde tempo e foca em alguns dos momentos mais marcantes das histórias de Tolkien. O que a temporada deixa claro desde o início, é que essa melhora na narrativa se deve graças à presença de um vilão contra o qual todos possam se unir. A trama do primeiro ano girou quase que totalmente em torno do mistério sobre a volta de Sauron ( Charlie Vickers ). A dúvida sobre a identidade do Senhor Sombrio agitou as redes sociais durante a exibição dos episódios, mas ao mesmo tempo, a demora pela grande revelação não só deixou a temporada arrastada, como passou a impressão de que a ameaça não era tão urgente assim. Tudo isso muda no segundo ano. Afinal, O Senhor dos Anéis sempre foi sobre a clássica luta entre o bem e o mal e não há dúvidas de que Sauron é o grande nome dessa temporada de Anéis de Poder . Deixando a figura do mortal Halbrand para trás, o Inimigo assume agora uma forma muito mais conhecida pelos fãs de Tolkien: Annatar, um emissário dos Valar cuja missão é “salvar” os povos livres da Terra-Média. Essa temporada deixa claro porque o senhor Sombrio tem a alcunha de O Grande Enganador. Em performance surpreendente, Vickers constrói um Sauron charmoso e dissimulado, que sabe usar as palavras para enxergar o coração das pessoas e assim usar suas fragilidades para manipulá-las. É o caso de Celebrimbor ( Charles Edwards ), o maior dos ferreiros élficos, enganado para forjar os Anéis de Poder. Apesar de o público enxergar com clareza as manipulações de Annatar/Sauron, a série acerta ao nunca colocar Celebrimbor em um lugar de total ignorância, deixando o elfo sempre desconfiado das intenções do Grande Enganador, mas cedendo a suas vontades no final. As cenas protagonizadas por Vickers e Edwards estão entre as melhores da temporada (Amazon/Divulgação) Isso tudo torna a dinâmica construída entre os dois personagens extremamente fascinante de se acompanhar, pois ainda que não aja maldade nas ações de Celebrimbor, nunca fica claro até que ponto o ferreiro está sendo manipulado ou se deixando manipular devido a seus próprios desejos por grandeza. Dessa forma, as cenas protagonizadas por Vickers e Edwards estão entre as melhores da temporada. O carisma de Sauron é tão poderoso que engrandece todos que interagem com ele, como são os casos de Galadriel ( Morfydd Clark ), Elrond ( Robert Aramayo ) e Adar ( Sam Hazeldine , substituindo o ator Joseph Mawle ). Mas o destaque fica mesmo com o núcleo de Khazad-dûm. A trama dos anões já foi uma das melhores do primeiro ano, mas com a chegada dos Sete Anéis de Poder, o que era bom fica melhor. É aqui que começamos ver a sombra de Sauron se espalhando pela Terra-média através dos Anéis. Diferente dos Três Anéis élficos, forjados no final da temporada anterior, os Sete dos anões tiveram o envolvimento direto do Senhor Sombrio em sua criação. É emocionante e triste acompanhar a derrocada de Durin III ( Peter Mullan ), o outrora respeitável rei de Khazad-dûm que vai sendo dominado pela influencia dos Anéis até se tornar um risco para o próprio reino. Cabe, portanto, a seu filho, Durin IV ( Owain Arthur ), conciliar o amor que sente pelo pai com o dever de proteger o povo de Khazad-dûm. Em um mundo de elfos e outros seres imortais, os anões sempre foram, ao lado dos Hobbits, o núcleo mais “humano” da franquia e a jornada que pai e filho trilham na série apenas comprova isso. Jornada essa que culmina em um dos momentos mais épicos da temporada. Apesar da indiscutível melhora, a segunda temporada de O Senhor dos Anéis: Os Anéis de Poder ainda derrapa quando o assunto é equilibrar todos os núcleos. Enquanto as jornadas daqueles ligados aos Anéis correm de forma mais dinâmica, a trama da ilha de Numenor segue navegando em águas mais lentas. Mesmo com a ascensão de Pharazôn ( Trystan Gravelle ) ao trono, não dá para negar que a série não conseguiu dar para a o grande reino da raça dos Homens a mesma atenção que deu ao resto. Felizmente isso tende a mudar, pois pelo andar da carruagem, o destino de Numenor deve ser o grande evento da próxima temporada. Mas a parte que mais incomoda na temporada, com certeza é o arco envolvendo O Estranho ( Daniel Weyman ) e os Pés-Peludos. Se no primeiro ano o núcleo do Istar com os ancestrais dos Hobbits foi um dos melhores, nesse segundo, ele caiu para a condição de pior. Toda a jornada pelas terras de Rhûn é lenta e desinteressante, montada em cima de um mistério que, francamente, já desvendamos na temporada anterior. Assim, a revelação de que O Estranho é Gandalf, não causa nenhuma surpresa, pelo contrario, a cena gera certo incomodo ao tentar dar uma origem para o nome do mago. O Cerco de Eregion ficará marcado como um dos momentos mais memoráveis da franquia (Amazon/Divulgação) Para não dizer que o núcleo foi completamente dispensável nessa temporada (afinal ele é esquecido por vários episódios até retornar para o “season finale”), ele teve bons momentos e o responsável por isso é Tom Bombadil ( Rory Kinnear ). O clássico personagem de O Senhor dos Anéis , deixado de fora da trilogia de filmes dirigida por Peter Jackson , faz sua estreia em live-action protagonizando cenas, ao lado de Gandalf, que devem, imagino eu, aquecer o coração de qualquer Tolkiniano. Outro ponto que ainda causa incômodo são as velhas “liberdades poéticas” que a série toma. Além da já citada origem para o nome Gandalf, a temporada trouxe uma cena completamente desnecessária entre Elrond e Galadriel que com certeza vai irritar os fãs raiz de Tolkien. Antes que isso soe como uma simples reclamação de fã, não há mal nenhum em mudar certas características de personagens, desde que isso seja feito respeitando a essência deles e com um foco claro em contar uma boa história, o que não foi o caso. Mesmo que a intenção que os showrunners quiseram passar com a cena em questão seja entendível, havia outras formas menos polêmicas de se resolver a situação que estava sendo apresentada. A sensação que fica no final é que tudo não passou de uma decisão meramente comercial, tomada por executivos e investidores que, talvez, nunca leram e nem lerão O Senhor dos Anéis . Falar da produção é chover no molhado. Desde o primeiro minuto da série, é indiscutível que o dinheiro foi bem gasto. Cada detalhe nos figurinos e cenários, além do capricho com os efeitos visuais, é prova do comprometimento da equipe em transpor para a tela tudo que imaginamos nos livros. Mas ainda assim, é preciso elogiar o grande momento da temporada: o Cerco de Eregion . O cerco dos orques de Adar ao reino de Celebrimbor é espetacular! Bem dirigida e coreografada, a batalha, que dura dois episódios, é a conclusão de todos os arcos envolvidos com Sauron e os Anéis de Poder. Repleta de cenas emocionantes, o Cerco de Eregion com certeza ficará marcado como um dos momentos mais memoráveis, não só da série, como de toda a franquia. Com um saldo bastante positivo, O Senhor dos Anéis: Os Anéis de Poder encerra sua segunda temporada deixando altas expectativas para o que está por vir. Resta esperar que a série mantenha o salto de qualidade que apresentou neste segundo ano e que corrija o que ainda precisa ser corrigido para a terceira temporada.
- Agatha Desde Sempre prometeu nada e entregou tudo | Crítica
Série derivada de Wandavision supera desconfiança e se coloca como uma das melhores produções da Marvel (Marvel Television/Divulgação) Em 2021, Wandavision se tornou um dos maiores sucessos da Marvel . Homenageando a história das sitcons americanas, a série focada no casal de Vingadores, Wanda Maximoff ( Elizabeth Olsen ) e Visão( Paul Bettany ), caiu nas graças do público, ávido por mais projetos do MCU após os eventos de Vingadores: Ultimato (2019) e do fim da Saga do Infinito . O sucesso foi tamanho que a produção rendeu as primeiras indicações da Marvel ao Emmy. Não demorou muito para que o CEO da Disney na época, Bob Chapek , encomendasse projetos derivados, focados nos demais personagens da trama. A escolhida acabou sendo a bruxa Agatha Harkness . Nada mais justo, uma vez que a vilã interpretada por Kathryn Hahn roubou a cena na série original, conquistando o público com seu carisma e ar dissimulado (a canção “Foi a Agatha e mais ninguém” também contribuiu muito para o sucesso da personagem). O problema é que muita coisa aconteceu desde a oficialização do derivado e o cenário propício para a série da Agatha deixou de existir. O streaming deixou de ser a única forma de entretenimento desde o fim da pandemia, Hollywood passou por uma longa greve de atores e roteiristas, Bob Iger retornou ao cargo de CEO da Disney, e própria a Marvel enfrentou problemas internos que resultaram em mudanças no direcionamento da Saga do Multiverso . Tudo isso, somado ao fato de Agatha Harkness não estar no topo da lista de prioridades dos fãs para ganhar uma trama própria, contribuiu para que a produção fosse encarada com descredito. Mas como diz o ditado, não se julga um livro pela capa e Agatha Desde Sempre supera a desconfiança fazendo o que a Marvel faz de melhor: contar uma boa história. Situada anos após os eventos de Wandavision , a trama acompanha Agatha Harkness (Hahn) ainda presa, na pequena cidade de Westview, por causa do feitiço lançado por Wanda. A situação da bruxa muda quando surge um misterioso Jovem ( Joe Locke ) que lhe tira do transe e a convence a trilhar o Caminho das Bruxas, um reino mágico e misterioso que promete realizar os desejos de quem passar por suas provações. Mas para isso, ela precisará de um novo coven (nome dado a um grupo de bruxas). Desde o primeiro minuto, fica claro o porquê de Agatha ter sido escolhida para ganhar uma série própria. Se em Wandavision a personagem já se destacava, em Agatha Desde Sempre , Hahn recebeu o holofote que precisava para brilhar e construir uma das personagens mais interessantes de todo o MCU. (Marvel Television/Divulgação) É impossível definir Agatha em apenas uma palavra. Ela é uma heroína? Anti-heroína? Vilã? Não importa. Você não conseguirá ficar impassível diante da bruxa. Ao longo dos nove episódios da série, por mais duvidosas que sejam suas ações, você se verá torcendo, odiando amar ou amando odiar a protagonista. A força do elenco é um dos pontos mais altos da produção. Como as provações do Caminho das Bruxas exigem um coven, Agatha e o Jovem vão atrás de companheiras para auxilia-los na jornada. O grupo, formado por rostos novos da Marvel, conta com Sasheer Zamata , Ali Ahn e as lendárias Patti LuPone e Debra Jo Rupp , rapidamente substituída por Aubrey Plaza no meio da temporada. O destaque fica para LuPone e Plaza. No papel da vidente Lilia Calderu , LuPone brilha com uma divertia e doce performance, protagonizando o sétimo e talvez melhor episódio da temporada. No caso da personagem de Plaza, quanto menos dizer melhor, já que qualquer informação pode ser considerada como spoiler. Basta dizer que, interpretando a misteriosa Rio Vidal , Plaza constrói, ao lado de Hahn, uma apaixonante relação de amor e ódio, repleta de reviravoltas. No entanto, quem rouba a cena mesmo é Joe Locke. Em seu segundo papel destaque, após o sucesso Heartstopper , Locke mostra ter muita química com Hahn desde a primeira cena que contracenam juntos, estabelecendo, a medida que a trama vai avançando, uma divertida dinâmica de mestre e aprendiz, com direito as clássicas e deliciosas picuinhas que esperamos da bruxa veterana em seu pupilo iniciante. (Marvel Television/Divulgação) Ao invés de deixar a trama arrastada, mantendo o mistério em torno da identidade do personagem de Locke por muitos episódios, a série não perde muito tempo e trata de revelar que o Jovem é na verdade Billy Maximoff, filho de Wanda. Ao longo da produção, o jovem mago vai assumindo certo protagonismo, indicando que a Marvel tem grandes planos para o personagem. Diferente de outras séries da Marvel no Disney+ , Agatha Desde Sempre não contou com um grande orçamento. Mas isso está longe de ser problema para a produção que utiliza muitos efeitos práticos na concepção visual de todo o Caminho das Bruxas e guarda os grandes efeitos de CGI para seu explosivo final. A decisão abraça uma estética que remete a outras produções de fantasia como Os Feiticeiros de Waverly Place (2007 - 2012), dando para a série um brilho próprio em comparação a outros títulos do MCU. Em 2021, Wandavision veio com a função de iniciar a Era da Marvel no Streaming. É curioso pensar que agora, três anos depois, após uma necessária pausa para repensar todo o projeto, coube a seu derivado realizar uma função semelhante e felizmente, atingindo o mesmo grau de excelência. Agatha Desde Sempre se coloca como uma das melhores produções da Marvel, nos lembrando que, mais do que entregar grandes espetáculos de ação e efeitos visuais, o MCU sempre se destacou por contar boas histórias com bons personagens. Só nos resta torcer para que a lição tenha sido aprendida e que a Marvel continue seguindo o Caminho das Bruxas para a glória no final.
- Pinguim é uma história de vilão sem medo de ser uma história de vilão | Crítica
Série derivada de The Batman brilha ao não glorificar nem atenuar as ações de seus personagens (HBO/Max/Divulgação) Quando noticiou-se que uma série de TV, derivada do filme The Batman (2022), focada em um dos vilões da galeria do Homem-morcego, seria produzida pela HBO , logo se pensou no Coringa. Afinal, além de ser o principal antagonista do herói (tendo inclusive protagonizado dois filmes para o cinema), a chegada do personagem ao universo criado por Matt Reeves já havia sido prometida em duas oportunidades (interpretado por Barry Keoghan , o príncipe palhaço do crime surge rapidamente no final do longa original e interagindo com o próprio Batman em uma cena cortada que foi, posteriormente, divulgada na internet). Outro nome especulado foi o do próprio Charada. Principal antagonista do filme de 2022, o personagem interpretado por Paul Dano , em elogiada performance, era um dos cotados para ter sua história de origem contada na série da HBO. No entanto, para a surpresa de muitos fãs da DC Comics , o escolhido foi o Pinguim . Sejamos francos, mesmo sendo um dos maiores inimigos do Cavaleiro das Trevas, Oswald Cobblepot não está no topo da lista dos fãs para ganhar uma trama própria. Não à toa, a última aparição do personagem em live-action havia sido há 32 anos, em Batman, O Retorno , longa de 1992 onde foi interpretado por Danny DeVito . Desde então muitos rumores rondaram o personagem até que Colin Farrell fosse escalado para interpretá-lo no universo de Reeves. É curioso que um caso semelhante tenha ocorrido, simultaneamente, em um famoso “concorrente” da DC. Recentemente a Marvel lançou a série Agatha Desde Sempre , oriunda do sucesso Wandavision , a produção focada em Agatha Harkness (antagonista da Feiticeira Escarlate na série original) era vista com descrença, uma vez que a bruxa não figurava entre as prioridades dos fãs para a Saga do Multiverso. Felizmente, a série superou essa desconfiança e se tornou um dos maiores sucessos do MCU. É gratificante, portanto, ver que um raio pode sim cair duas vezes no mesmo lugar, pois tal qual Agatha , Pinguim também surpreende, contando uma história sombria e violenta que não tem medo de mostrar o gângster como ele é: um vilão. Ambientada após os eventos de The Batman , a série acompanha Oswald Cobblepot (Farrell), chamado apenas de Oz Cobb, em sua jornada para se tornar o chefão do crime organizado de Gothan. Diferente de outras produções focadas em vilões, Pinguim triunfa por não tentar humanizar seu protagonista para que o público tenha empatia por ele. Oz não tem motivações nobres, nem um passado traumático para justificar suas escolhas na vida. Pelo contrário, quanto mais nos aprofundamos nas origens do gângster, principalmente em sua complexa (pra dizer o mínimo) relação com a mãe ( Deirdre O’Connell ), mais percebemos o quão doentia e perversa sua mente é. O Pinguim é mau e ponto. (HBO/Max/Divulgação) Méritos para Matt Reeves e Lauren LeFranc (criadora e showrunner da série) que aproveitam a liberdade de uma produção para a TV fechada, e tomam a corajosa decisão de pisar fundo na violência e maldades, deixando bem claro que Oz não é alguém que mereça ser glorificado. Aproveitando o vácuo de poder deixado no submundo de Gothan após a morte do mafioso Carmine Falcone ( Mark Strong , assumindo papel que foi de John Turturro em Batman), vemos que o Pinguim não mede esforços para conseguir o que quer, não importa quantos ou quais corpos ele tenha que deixar pelo caminho. Tudo isso é abrilhantado pela performance primorosa de Colin Farrell. O astro cumpre com louvor a tarefa de assumir o papel de protagonista após aparecer em poucas cenas de The Batman . Por debaixo das pesadas camadas de maquiagem, Farrell desaparece completamente, entregando um vilão que é ao mesmo tempo carismático e ameaçador. Apesar das maldades que comete ao longo da série, o carisma de Farrell, somado ao jeito malandro do protagonista quase que nos fazem esquecer de que estamos acompanhando uma pessoa horrível e, por muitas vezes, nos vemos torcendo para que Oz conquiste tudo que sempre desejou. Eu digo quase, porque do outro lado existe alguém para nos lembrar quem é Oswald Cobblepot e o que algumas pessoas são capazes de fazer para conseguir poder. Assumir o controle do submundo de Gothan City exige um desafio à altura da tarefa. É aqui que entra uma das adições mais surpreendentes que Matt Reeves poderia dar para seu universo. Mais conhecida pelo papel da "mãe" na última temporada de How I Met Your Mother , Cristin Milioti rouba a cena como Sofia Falcone. Retornando a Gotham após cumprir pena no Asilo Arkham, a filha do ex-chefão da máfia Carmine Falcone está longe de ser apenas uma figura antagônica que vai disputar com o Pinguim o controle do crime na cidade. Pelo contrário, herdar o império do pai não está na lista de prioridades de Sofia que, após ser traída e abandonada pela própria família, o que a personagem mais quer é se vingar. (HBO/Max/Divulgação) Milioti entrega uma atuação memorável, construindo uma personagem tão sensível quanto trágica. O destaque é tão grande que Sofia ganha um episódio inteiro para chamar de seu. “Cent’anni” , o quarto capítulo da série, foca no passado da personagem e sua derrocada, tanto física quanto mental, durante o tempo que passou no Arkham. O episódio destaca bem as diferenças entre Sofia e Oz e acaba sendo, talvez, o mais marcante de toda a série. Se a produção tem algum ponto para ser visto como negativo pelos fãs mais apaixonados da DC, esse ponto passa pela ausência do morador mais ilustre de Gotham City. Afinal, onde está o Batman? Ao longo dos oito episódios da série, uma nova droga é liberada nas ruas da cidade e uma sangrenta guerra entre as principais famílias mafiosas explode sem que o Cavaleiro das Trevas seja sequer mencionado. Claro, é completamente compreensível que uma participação de Robert Pattinson em carne, osso, capa e máscara iria roubar completamente os holofotes de Oz, Sofia e companhia. No entanto, o fato Cruzado Encapuzado não ser mencionado em momento algum, nem mesmo por Oz que foi perseguido pelo vigilante no longa original, causa certa estranheza. Ainda mais quando lembramos que a sequência inicial do filme de 2022 mostra o herói explicando que apesar de não poder estar em todo lugar, o medo que conseguiu colocar nas mentes e corações dos criminosos de Gotham foi tão grande que eles temem apenas a possibilidade do Batman estar lá escondido, observando-os nas sombras. Colocar na série apenas uma cena com Oz ou um de seus capangas tensos diante presença ou não do vigilante mascarado já seria o suficiente não só para saciar a vontade dos fãs, mas também para reforçar aquela sensação de que estamos no mesmo universo, que só não é perdida graças à fotografia e ao clima soturno de The Batman que retornam na produção da HBO. No final, isso pode acabar sendo visto apenas como preciosismo de fã. A ausência do Homem-morcego está longe de influenciar na percepção geral da série que supera o “problema” com uma história envolvente, além de atores, diretores e roteiristas habilidosos. Superando todas as expectativas, Pinguim se firma como uma das melhores séries do ano e também como uma das melhores produções da DC.
- Arcane se consagra como uma série legendária | Crítica
Animação do universo de League of Legends na Netflix chegou ao fim após duas temporadas irretocáveis Arcane/Netflix/Divulgação Trazer um jogo de videogame para a televisão ou para o cinema é sempre uma tarefa complicada. Muitas adaptações falharam em equilibrar o fan-service que abraça os fãs de longa data das franquias com uma história capaz de cativar um público completamente novo. No entanto, filmes e séries como Sonic , Super Mário , The Last of Us e Fallout mostraram que é possível adaptar um jogo para outra mídia de forma respeitosa e criativa, mas entre todas as produções, a que mais se destacou, sem dúvida nenhuma, foi Arcane , a série animada de League of Legends . A animação da Netflix , baseada no MOBA (sigla para Multiplayer Online Battle Arena) da Riot Games , se tornou uma referência para a cultura pop. Com um visual revolucionário, personagens muito bem construídos e uma narrativa emocionante e respeitosa ao universo da Riot, é seguro dizer que Arcane superou todas as expectativas, se tornando, talvez, até mais relevante que a obra original. A princípio a trama de Arcane parece ser bem simples, abordando a disputa social entre a área rica e próspera da cidade de Piltover e sua área mais pobre chamada Zaun, mas conforme a narrativa vai avançando, ela se ramifica em diversas direções, com personagens que possuem motivações, traumas e personalidades completamente diferentes. Desde o início, Arcane mostrou que sua essência está na força de seus personagens, sejam eles “campeões do jogo” ou não. Da dupla protagonista (composta por Vi e Jinx ) até aqueles que poderiam ser considerados mais “secundários”, como Ambessa e Ekko , a série construiu cada um desses personagens e as relações entre eles com extremo cuidado. Isso é graças ao impecável roteiro da dupla criativa da Riot Games, Christian Linke e Alex Yee , e da experiente Amanda Overton ( Ruptura ) que equilibra a diversidade de tramas numa história que transita entre momentos engraçados, românticos, tristes e eletrizantes. A decisão da produção de dividir a série em três Atos de três episódios por temporada contribuiu para que a equipe criativa pudesse se aprofundar em cada um dos núcleos, até chegar ao ápice no Ato III da segunda temporada. Os três episódios finais da série mostram o quanto cada personagem evoluiu e amarra suas jornadas em uma grande guerra que aumenta o escopo para além das diferenças entre Piltover e Zaun, mas sem esquecer que as questões sociais pavimentaram todas as estradas que nos levaram até aqui. (Imagem: Arcane/Netflix/Reprodução) A expressão cada cena é uma pintura descreve perfeitamente o que é Arcane . A fotografia belíssima, alinhada com uma animação de alta qualidade, enche os olhos do primeiro ao último minuto. A série faz valer todo o dinheiro investido — que, diga-se de passagem, tornou a produção a série animada mais cara de todos os tempos — entregando um espetáculo visual único, cheios de detalhes minuciosos e embates de tirar o fôlego, em especial a sequência final do Ato I da segunda temporada que mostra o aguardado embate entre as irmãs Vi e Jinx. Vale destacar também a criatividade no design dos personagens que faz referências ao material original de League of Legends , mas dá para a série uma personalidade própria. Outro ponto de destaque de Arcane é a trilha sonora, marcada pelas parcerias com artistas conhecidos como a banda Imagine Dragons , cuja canção “Enemy” embala a já icônica abertura da série. Ciente da importância que a trilha sonora teve durante todo o primeiro ano, a produção resolveu dobrar a aposta e inserir dentro de cada episódio da segunda temporada pequenas sequências de videoclipe que apresentam diferentes estilos de arte e animação. Mas enganasse quem pensa que esses momentos estão simplesmente jogados. Cada videoclipe cumpre um papel na história, servindo tanto para representar a passagem de tempo entre um Ato e outro, resumindo muitos acontecimentos em poucos minutos, quanto para criar momentos emocionantes que enriquecem o desenvolvimento dos personagens, como a belíssima sequência de dança entre Ekko e Powder/Jinx , ao som de “Ma Meilleure Ennemie” , que marcou o sétimo episódio. O momento foi tão impactante que a música atingiu o top três global das mais tocadas no Spotify. Arcane se consagra como uma série legendária, trazendo uma nova e criativa maneira de se adaptar um jogo de videogame para outra mídia. A conclusão épica faz jus a tudo que foi construído ao longo dos 18 episódios e mostra toda a força do universo de League of Legends . Com mais três séries entrando em produção , resta aguardar pacientemente até que possamos acompanhar as novas histórias envolvendo Vi, Jinx e todos os personagens que habitam o fascinante mundo de Runeterra .